Super Bock Super Rock 2017 - Dia 15 Julho

O ultimo dia de Super Bock Super Rock abre em bom tom: a complexa, expansiva, bastante desafiante mas também recompensadora performance de Bruno Pernadas e o seu octeto poderia, inclusive, ser marcada para uma posição mais aduladora. A sua criativa mistura de jazz e art rock, afinal, é ímpar entre o trabalho dos compositores portugueses, e a execução magistral dos temas presentes em “How to be joyful in a world full of knowledge?” e “Those who throw objects at the crocodiles will be asked to retrieve them” fez digna nota disso.

 

O ato seguinte, Silva, é mais um brasileiro que vem dar mostras de que a música por lá também goza de uma boa fase. A sua marca de indie rock, singela e reverente aos que o precedem, não é difícil de gostar, e não colidindo em horário com mais ninguém o cantautora foi capaz de reunir um bom publico em torno dos seus temas. Ainda houve tempo para prestar homenagem a algumas das suas influências: temas dos Novos Baianos ou de Gilberto Gil foram surgindo à medida que o set avançava, e que só contribuíram para o bom momento que viveu este pedaço de tarde do Super Bock.

De seguida, dois concertos em quase tudo distintos e que provaram distribuir a audiência em concordância. De um lado, no Palco Super Bock, o pop orelhudo, descomprometido e de fácil acesso de Foster the People que, há alguns anos sem produzir algo com repercussão, continuam a marcar presença em Portugal em posições de destaque - para lá escolheu ir a maioria, que encontrou uma entrega a meio-gás, sem a vivacidade que pediria a abertura do MEO Arena para o último dia de festival. Do outro, o experimentalismo jazz-rock de TaxiWars, encabeçados por Tom Barman de dEUS, cuja sonoridade desafiante não rendeu em termos de afluência, mas fez por uma bela performance de música alternativa em pleno palco secundário.

Pouco depois da atuação de James Vincent McMorrow, também no palco EDP, chegou a vez do verdadeiro cabeça de cartaz, desta feita tocando mais cedo, tomar o Palco Super Bock. E era, autenticamente, à espera do retorno de Deftones que estava a grande maioria dos presentes - um público notavelmente mais inclinado às sonoridades mais pesadas, como se viu pela adesão a concertos como os de Stone Dead ou Black Bombaim. No entanto, amplificado pelo titânico sistema de som do MEO Arena, o grupo de Chino Moreno foi mesmo a maior dose de peso a registar-se no festival. O seu metal alternativo, tão melancólico quanto distorcido e um pouco saudoso de uma outra altura do metal no mainstream, é bem recebido pela plateia, especialmente pelos níveis ensurdecedores a que chegava. No mínimo digno de uns bons moshpits, o espetáculo foi, no seu máximo expoente, um regressar a tempos de maior glória para o nu-metal.

Não ficando nem um pouco para trás, foi ainda assim num registo inteiramente distinto que o Palco EDP cessou atividades por este ano, à conta do inconfundível Seu Jorge. Sozinho e à guitarra, foi chamado às canções que gravou para o filme “The Life Aquatic with Steve Zissou”, de Wes Anderson, versões cantadas em português e à boa moda brasileiro do eterno ídolo do rock, David Bowie. O próprio Bowie diria anos mais tarde sobre o álbum algo como “Se Seu Jorge não tivesse gravado minhas canções em português eu nunca ouviria este novo nível de beleza com o qual as imbutiu". E foi fácil perceber, pela performance, o porquê. Utilizando os mesmos acordes com que Bowie as escreveu nos anos 70, Seu Jorge, acrescenta às músicas muito do seu forte caráter e personalidade musical, intercalando os temas com histórias sobre a gravação de Life Aquatic e a sua relação com os outros intervenientes e a música de Bowie. Uma experiência imersiva e absolutamente encantadora, que merecia um contexto mais intimista: a conversa e desatenção de muito público acabou por estragar a experiência aos restantes. Já em jeito de after-party, o festival despede-se com o set de Fatboy Slim no Palco Super Bock, uma apresentação que reúne os seus méritos para os apreciadores deste EDM, mas que também não ameaçou fazer frente aos dois concertos que lhe antecederam.

Texto: Pedro Miranda

Fotografia: Rúben Viegas

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