Bandas de rock há muitas. Poucas há, no entanto, que consigam manter uma carreira estável durante mais de três décadas, sem revelarem sinais de cansaço ou sem permitirem que a passagem dos anos leve a melhor deles. Os dinamarqueses D-A-D são um desses casos raros; um grupo que continua tão vital hoje como quando deu os primeiros passos, músicos que parecem ter sido injetados com um qualquer elixir da eterna juventude que, apesar da passagem dos anos, lhes permite continuarem a “rockar” de uma forma tão enérgica e contagiante que faria corar de inveja e vergonha muitas bandas formadas por elementos com metade da sua idade. A par da boa forma do quarteto está a sua música, com um repertório de canções que se transformaram em hinos do universo hard rock – e onde figuram «Sleeping My Day Away», «Bad Craziness», «Jihad», Grow Or Pay», «Point Of View» e «I Won't Cut My Hair», entre muitos outros – prontos a serem entoados em uníssono a cada vez que o grupo sobe a um palco para protagonizar mais uma das suas atuações eletrizantes e arrebatadoras. É isso que se vai passar no próximo dia 6 de Dezembro, quando Jesper Binzer e companhia regressarem finalmente ao nosso país para um espetáculo integrado na apropriadamente denominada digressão 30 Years, 30 Gigs, comemorativa do trigésimo aniversário do quarteto.
Os D-A-D (ou D:A:D, se preferirem) tiveram o seu primeiro grande êxito mundial numa altura em que o hair metal ainda estava na moda, quando em 1989 lançaram o seu terceiro álbum, «No Fuel Left For The Pilgrims». Originalmente conhecidos como Disneyland After Dark, tomaram forma em Copenhaga no ano de 1982, lançando o longa-duração de estreia, com o arrojado título «Call Of The Wild», quatro anos depois. Praticantes de um auto-denominado cow punk, furioso punk rock carregado de influências country e southern rock, solidificaram uma base de seguidores sólida na sua Dinamarca natal à custa de uma aditiva versão de «A Horse With No Name» e do álbum seguinte, «D.A.D. Draws A Circle», que incluía o single «I Won't Cut My Hair». Chegados a 1989 começaram a incorporar o “staccato” cheio de balanço típico dos AC/DC nas suas canções, com «No Fuel Left For The Pilgrims» a revelar-se desde cedo um registo incrivelmente orelhudo e pujante, apoiado numa secção sólida como rocha e ancorado em refrões pensados para ser entoados em uníssono por clubes e estádios a abarrotar de gente.
Umas décadas e muitos discos depois, «Sleeping My Day Away» ainda continua a ser a canção mais memorável e representativa do quarteto, atualmente formado por Jesper Binzer, Jacob Binzer, Stig Pedersen e Laust Sonne. À edição em 1989, o single atingiu de imediato o #23 da Billboard e trepou às tabelas de vendas em diversos territórios europeus, transformando-se num clássico daquela altura e mantendo-se, hoje em dia, como incontornável em qualquer playlist de clube ou rádio rock. O álbum transformou-se, de repente, num sucesso à escala mundial – mantendo-se, por exemplo, 16 semanas no top de vendas da longínqua Austrália. Entretanto já se passaram mais de 20 anos e os D-A-D mantêm-se no ativo sem revelarem sinais de declínio criativo e assinando atuações explosivas, a que ninguém que goste de bom hard rock musculado, cheio de atitude e carregado de melodias consegue manter-se indiferente. Apoiados num fundo de catálogo muito sólido, que inclui títulos como «Riskin’ It All», «Helpyourselfish», «Simpatico» ou «DIC•NII•LAN•DAFT•ERD•ARK», longa-duração mais recente, de 2011, os quatro foras da lei mantêm-se como a exportação musical mais famosa e bem sucedida alguma vez saída da Dinamarca.
BIOGRAFIA D-A-D
Os D-A-D (acrónimo para Disneyland After Dark) foram criados em Copenhaga, Dinamarca, a meio da década de 80 pelo vocalista e guitarrista Jesper Binzer, pelo seu irmão Jacob Binzer na guitarra solo, Stig Pedersen no baixo e Peter Jensen na bateria. A banda conseguiu reunir um consenso considerável na sua terra natal à custa de uma sequência de edições independentes, que culminaram nos primeiros álbuns, «Call Of The Wild» e «D.A.D. Draws A Circle», em 1986 e 1987 respetivamente. Com a sua eletrizante mistura de punk rock e country, que auto-denominavam cow punk, e uma imagem forte, começam a ganhar os primeiros sinais de reconhecimento além-fronteiras, com o grupo a conquistar terreno na Europa graças às suas contagiantes atuações ao vivo.
É já com o sucesso do single «I Won't Cut My Hair» e da versão do clássico «A Horse With No Name» no currículo, que o quarteto lança «No Fuel Left For The Pilgrims», o terceiro longa-duração, em 1989. Com produção de Nikolaj Foss e selo Medley, o álbum vê a banda a atingir o seu pico criativo e o single «Sleeping My Day Away» acaba por originar uma proposta milionária da Warner Brothers, que origina a inevitável reedição e um novo esforço de promoção, que transformam o tema num êxito de massas. Os elogios choviam finalmente dos dois lados do Atlântico, mas o primeiro dissabor do sucesso em larga escala surge pouco depois, com a banda a ver-se obrigada a abreviar o seu nome, de forma a evitar repercussões legais por parte da Walt Disney Company. Na eminência de uma batalha legal, vão percorrendo o globo em digressões sucessivas na Europa, nos Estados Unidos e na Ásia. Aproveitando o embalo, fecham-se nos Medley Studios, em Copenhaga, para registar «Bone Hard In Soft Surroundings». Rebatizado à data da edição «Riskin’ It All», é editado em Outubro de 1991 e, apoiados no sucesso do single «Grow Or Pay», os dinamarqueses embarcam numa extensa tour mundial que dura oito meses.
Com o hard rock em queda de popularidade após o surgimento do grunge, são dispensados pela Warner e encontram nova casa na EMI, que os resgata prontamente para o mercado europeu. Juntamente com o produtor britânico Paul Northfield, um nome associado aos Queensrÿche e Alice Cooper, voam para o Canadá para gravar «Helpyourselfish», que chega finalmente aos escaparates em Março de 1995. A espera não é grande até voltarem a partir em digressão, mantendo a sua base de seguidores satisfeita com espetáculos explosivos e a sequência «Simpatico»/«Psychopatico», de 1997 e 98, sendo que estes foram os dois últimos discos a contarem com Peter Jensen na bateria. É já com Laust Sonne sentado atrás do kit que, na noite da passagem de ano 1999-2000, atuam para 50,000 na praça central de Copenhaga, começando o milénio em grande.
A década seguinte é passada entre os palcos e os estúdios, com o renovado quarteto a enriquecer a sua setlist de greatest hits com uma sequência regular de novos álbuns que inclui «Everything Glows» (2000), «Soft Dogs» (2002), «Scare Yourself» (2005) e «Monster Philosophy» (2008). O mais recente lançamento do grupo foi editado em 2011, tem o curioso título foi «DIC•NII•LAN•DAFT•ERD•ARK» e entrou de rompante para as tabelas de vendas na Dinamarca, Finlândia e Suécia. Em 2014 o quarteto de Copenhaga comemora o trigésimo aniversário com a 30 Years, 30 Gigs Tour.
Os bilhetes para o concerto custam 25€, à venda a partir do dia 25 de Julho, nos locais habituais.
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